Home Editorial Editorial: 59 anos – Conheça a história da Barragem de Quixeramobim

Editorial: 59 anos – Conheça a história da Barragem de Quixeramobim

A Barragem de Quixeramobim, denominada oficialmente como Açude Engenheiro José Cândido de Castro de Paula Pessoa, é uma das grandes obras hídricas que receberam a ordem do imperador do Brasil, à época, Dom Pedro II, para construção em combate à seca.

O reservatório, localizado entre as duas serrotas do rio Quixeramobim, à oeste da cidade, teve o local de construção escolhido por uma comissão de engenheiros que veio ao Ceará no ano de 1878.

Historicamente, a ordem para a construção ocorreu no mesmo período do Açude Cedro, visto que uma seca assolava a região entre os anos de 1877 e 1879. Contudo, este segundo reservatório foi construído antes da Barragem. Isso, porque o primeiro projeto da estrutura surgiu no mesmo período da seca, mas foi recusado, e o segundo foi elaborado entre 1908 e 1911, mas também não foi aprovado.

Ao todo, foram elaborados três projetos, vindo o terceiro a ser aprovado, e a construção iniciada no ano de 1958. Este dava a barragem a capacidade hídrica de 54 milhões de metros cúbicos (m³) de água que, conforme os historiadores, é um volume inferior em relação aos projetos anteriores, 15 comportas para sangria, altura máxima de 13,4 metros e largura da base de 30 metros.

Foto: Arquivo/SMC

O reservatório foi concluído em 1960 e foi construído sob a responsabilidade dos engenheiros Maurício da Paula Miranda, Danilo Benício Castelo Brando, João Pessoa Xavier de Macedo e Carlos Guilherme Matos. Este último foi o responsável pela construção da ponte que fica acima das comportas da Barragem.

Atualmente

A Barragem não se encontra com a mesma capacidade hídrica da época em que foi construída. Conforme batimetria (estudo técnico feito para verificar a capacidade de reservatórios) realizada no açude, o reservatório comporta, somente, 7,88 milhões de m³.

A Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) aponta, neste caso, possíveis controvérsias em relação a execução do projeto da Barragem, visto que, de acordo com Paulo Ferreira (gerente regional da Bacia do Banabuiú), a causa da diminuição do volume “não foi só o assoreamento […] O que foi projetado não foi executado ou também possa ser que o projeto determinava a parede em uma certa altura e não foi construída”.

Relatório de Vistoria

Em vistoria realizada no dia 31 de outubro de 2016, pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), na Barragem de Quixeramobim, foi constatado nível de alerta quanto à estrutura do reservatório. A cópia do documento foi enviada à reportagem, na época, pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil do município.

“O estado geral da barragem não é bom e precisa de manutenção. É necessário reparar as erosões produzidas pela água no vertedouro. Também é muito importante fazer uma completa reparação dos apoios da ponte do vertedouro. Existe muita ferragem exposta que, com o tempo, pode afetar a segurança da ponte. Recomenda-se controlar o problema de assoreamento da barragem, limpar a entrada da tomada e fazer uma completa reparação das válvulas de controle”, disse a conclusão do documento.

O responsável técnico ainda declarou, naquele ano, que o nível de perigo da barragem de Quixeramobim deve ser classificado como Alerta. A tabela vai de 0 a 3 (0 – Nenhum; 1 – Atenção; 2 – Alerta e 3 – Emergência).

Enchente

Fato histórico sobre a Barragem ocorreu no ano de 1974: A maior enchente da história de Quixeramobim.

De acordo com os registros, a ocorrência se deu em virtude das fortes chuvas que caíram na região no mês de abril, fazendo com que o açude Teotônio, localizado na comunidade de Cajazeiras, no então Distrito de Madalena, arrombasse, trazendo grande volume de água para a Barragem de Quixeramobim.

Como consequência, a água “lavou” por cima da parede do reservatório. O espetáculo foi bonito, mas o município registrou diversos pontos de alagamentos, como na Praça Coronel João Paulino, nas ruas Presidente Vargas, 14 de Agosto e Cônego Aureliano Mota, e no Centro da Cidade. Na Ponte Metálica, a água quase alcançou o piso.

Foto: Arquivo/SMC

Em 2018, a Barragem quase atingiu sua cota de sangria, chegando a ficar a 13 centímetros deste ponto, sendo que, foi no ano de 2011 que o fenômeno foi registrado pela última vez. Atualmente, conforme dados do Portal Hidrológico da Cogerh, o reservatório encontra-se com 25,12% de sua capacidade.

Editorial do Repórter Ceará

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