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O Conselheiro e o polêmico padre de Canudos

Na manhã da última sexta-feira, as principais ruas do centro da cidade foram tomadas por dezenas de alunos de várias escolas da zona rural do município que saíram em cortejo anunciando a abertura da Semana do Conselheiro Vivo, um evento anual que comemora a vida e a luta do grande líder de Canudos.

E dentre as muitas atividades culturais que foram realizadas nos últimos dias, uma delas recebeu especial atenção do povo de Quixeramobim, quando na missa do último domingo, um padre de Canudos utilizou-se do altar para explanar suas crenças políticas e fazer duras críticas à nova gestão federal.

No discurso, o padre chegou a dizer que assim como na época de Canudos, hoje o governo federal desfavorece os pobres e favorece a elite. Chegou a declarar também que o governo está querendo retirar a raspa do taxo, em referência à reforma da Previdência. E utilizou o microfone para criticar a posição brasileira em relação à ditadura venezuelana.

É bom que se diga que essas são verdades relativas formuladas a partir de opiniões pessoais do sacerdote, que parece ter excedido os limites do altar ao trocar a liturgia dominical pelo discurso em favor de um grupo político em detrimento de outro. É certo que a mesma crítica valeria se a pregação do padre se convertesse numa aclamação ao governo federal.

Precisamos tomar muito cuidado para que essas disputas políticas, permeadas pelo ódio social, não invadam as nossas igrejas e transformem os nossos altares em palanques, e as nossas celebrações em comícios.

O discurso do nós contra o eles, a disputa de narrativas e toda essa polarização política deve ser mantida distante da arena das nossas manifestações culturais e religiosas. Sobretudo, porque esse discurso acentua as divisões sociais, e exclui do processo cultural aqueles pensam diferente, o que acaba criando guetos e fragilizando a própria cultura.

Repórter Ceará

1 comentário.

  1. Meus parabéns pelo comentário. E minha decepção, como católico, ao ouvir um sacerdote, em um púlpito, em cerimônia religiosa, comportar-se como um militante político.

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