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Editorial: Os prefeitos sem vices

Quixeramobim e Quixadá, as duas maiores cidades do Sertão Central, observaram seus prefeitos e vices romperem relações políticas em menos de 4 anos de mandato. Dois ‘casamentos’ falidos dentro dos poderes executivos de ambos os municípios. De acordo com as partes, as razões são diversas, partindo de alegações de distanciamento político após o pleito eleitoral, até acusações de traições em momentos específicos.

Em Quixeramobim, a coligação “Mudança Já no Coração do Ceará” obteve o total de 24.026 votos (54,33%), colocando Clébio Pavone (SD) no cargo de prefeito e Marcos Rogério (PROS) na vice-liderança do Executivo do município. Não demorou muito, no entanto, para que Rogério se declarasse insatisfeito com a gestão. Começou com uma nota tímida, em 31 de outubro de 2017, afirmando que tinha “participação limitada dentro” da gestão, para, mais tarde, em 9 de março de 2018, alegar que “nunca” fez parte do Governo.

A questão teve seu ápice, quando o PR Municipal, sob liderança de Pedro Paulo Araújo Chagas, lançou nota, afirmando que o prefeito estaria afastado e não deu a devida atenção ao partido durante a tomada de decisões. De lá para cá, Clébio não se pronunciou sobre o rompimento com seu vice.

Em Quixadá, a troca de farpas entre o prefeito Ilário Marques (PT) e seu vice, João Paulo Menezes (Patriota), eleitos pela coligação “Mais Quixadá”, com 25.469 votos (54,94%), foi evidenciada recentemente, quando o petista foi afastado da Prefeitura, em agosto de 2018, em razão da Operação Casa de Palha. Na ocasião, João assumiu o Executivo Municipal interinamente.

Ilário chegou a chamar João Paulo de traidor. João, por sua vez, chamou Ilário de ditador. Contudo, o fim do relacionamento político dos dois se deu antes do afastamento de Ilário, por conta, de acordo com o próprio vice, “pela forma do abandono que estava a cidade e por não concordar com muitas coisas”.

Fato que se constate, em nenhum dos casos, houve mais benefício para a população das duas cidades. Isso, porque, do ditado popular “a união faz a força”, a desunião traz a fraqueza e, em suma, os mais prejudicados foram os munícipes, que assistem, de camarote, o desatar do nó que o divórcio político causou.

Inclusive, as eleições municipais de 2020 evidenciarão o caminho tomado por cada uma das partes envolvidas. Entre aliados, os comentários são de que Ilário pretende ser reeleito, contudo, por outras razões, pode vir a apoiar o nome de Rachel Marques.

Do outro lado, João deixou subentendido, em entrevista, que pretende se candidatar. Aliás, Ricardo Silveira (MDB) seria seu nome de apoio, segundo especulações, ou seja, o vice estaria em contato com o maior opositor a gestão de Ilário Marques.

Em Quixeramobim, Clébio já declarou que pretende ser candidato à reeleição. Rogério, por sua vez, não demonstrou, até o momento, interesse explícito na Prefeitura. No entanto, já chegou a declarar que estaria pronto para assumir caso Clébio fosse afastado, na época da votação do terceiro processo de impeachment contra o prefeito.

Ao que parece, águas ainda rolarão e o ‘divórcio’ político deverá ser resolvido no litigioso.

Editorial do Repórter Ceará

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