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Tá faltando empatia!

Com o título “Tá faltando empatia!”, eis o artigo do acadêmico em Psicologia, Almir Severo, sobre como a prática de se colocar no lugar do outro nos afeta psicologicamente.

Se procurarmos no dicionário uma definição para o vocábulo “empatia”, encontraremos um bonito significado: “Trata-se da ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscar agir ou pensar da mesma forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias”. Podemos dizer, então, que empatia é o ato de se identificar com nosso próximo, sentir o que ele sente, o que nos leva a entender que devemos nos colocar no lugar do outro, respeitar e entender o seu momento.

Como falei, inicialmente, empatia possui um belo significado, não é mesmo?! Mas, infelizmente, este conceito está carente de prática, ficando restrito mais exclusivamente ao campo da teoria. Quando observamos alguém fazendo algo, seja certo ou errado, de pronto julgamos, chegamos por vezes a “condenar” aquela pessoa por sua postura e atitude. É mais fácil ou conveniente criticar e/ou julgar o outro do que procurar entender o que ele sente e pensa. O endereço que temos mais dificuldade de encontrar é o coração, os sentimentos do próximo.

Quando somos perguntados sobre quem é “fulano”, conseguimos fazer uma avaliação quase completa da sua vida, do seu perfil. Mas quando somos indagados sobre quem somos, paramos, pensamos, refletimos e ainda assim, após finalizarmos todo o processo, ainda com todo o esforço desprendido, não conseguimos nos descrever tão facilmente como costumamos descrever o outro. Vivemos muito restritos ao campo do “achismo”.

Um dos maiores exemplos da falta de empatia ocorre quando uma pessoa passa por uma crise de ansiedade e, até mesmo por uma depressão, e aquele momento dela passa a ser definido como “frescura” ou “bobagem” por quem, na maioria das vezes, sequer parou para se colocar no lugar do outro.

Tudo é muito relativo. O que eu sinto não é necessariamente o mesmo que você sente; nem tampouco o que penso não é o mesmo que você pensa; o que sofro e o que comemoro também. Ninguém é obrigado a pensar igual, a agir igual ao outro. Entretanto, existe uma coisinha chamada “respeito é bom e todo mundo gosta”, e que só é possível entender se exercitarmos a habilidade da empatia.

Com certeza, quando aprendermos a nos colocar na posição do próximo, passaremos a entender que as tais “frescura”, “bobagens” e “tempestade em um copo d’água” têm um significado profundo e uma razão de ser.

Apresento, portanto, algumas expressões jocosas, dentre tantas outras, que devemos evitar ao nos depararmos com alguém que passa por dificuldades, principalmente psicológicas:
“Você tá querendo chamar atenção”
“Isso é frescura!”
“Se acalme!”
“Já passei por coisa pior, você vai conseguir passar por isso!”
“Isso é falta de Deus, vá rezar!”

Insinuar que alguém está querendo chamar atenção já é, por si também, sinal de falta de empatia. Quem passa por problema, seja qual for a natureza, não passa porque quer. O que uma pessoa menos precisa é chamar atenção, certamente! Todovia, é muito comum emitirmos sinais que costumeiramente transmitem e revelam o nosso estado emocional. Cabe a quem perceber, ter a sensibilidade de acolher essas informações e apoiar, da melhor forma, a pessoa nessa fase. Não é frescura! Ela não precisa ouvir que precisa se acalmar. Não é porque você falou “Se acalme!”, que isso vai acontecer. Essa pronúncia não é um calmante em si. Não é porque passou por algo parecido ou até pior que a pessoa terá que conduzir aquele momento da mesma forma que você. Afinal, são pessoas e situações distintas, com emoções e reações diferentes. E quanto a Deus, mesmo que Ele esteja presente em nossas vidas, estaremos sujeitos a passar por dificuldades e por problemas. Isso é um fator comum, depende apenas de quem passa por aquilo e como passa. Posso apontar dois nomes que passaram por crise de pânico e depressão: Padre Fábio de Melo e Padre Marcelo Rossi, respectivamente. Passaram isso por falta de Deus? Será?

Então, é preciso internalizar que, na prática, a empatia, contribui bastante na forma que nos comunicamos com o outro, pois quando passamos a entender como aquela pessoa vê o mundo, conseguimos, consequentemente, compreender melhor e com mais eficácia a mensagem que ele deseja nos transmitir. Portanto, a empatia melhora a qualidade da nossa comunicação interpessoal. Dessa forma, que possamos ser mais empáticos e nos colocar mais no lugar do próximo, vindo assim a nos tornar mais humanos. Com a empatia ajudaríamos muito na construção de uma sociedade melhor, de um mundo melhor.

“Ama teu próximo como a ti mesmo.” (Mt-22.39)

“A verdadeira felicidade está na aquisição da empatia. Se você pode se sentir feliz por alguém, pode ser feliz consigo mesmo até mesmo nos momentos mais difíceis. O valor real não está no tradicionalismo barato, e sim, na ação altruísta de quem vive acreditando que o melhor do mundo é aquele que se preocupa com o próximo.” (Matheus Horácio)

Almir Severo
Acadêmico de Psicologia

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