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Seja você mesmo

Com o título “Seja você mesmo”, eis o artigo do acadêmico em Psicologia, Almir Severo, sobre como deixamos de nos conhecer e damos lugar a padrões impostos pela sociedade.

Quem é você? Você tem sido o que quer ser ou o que as pessoas querem que você seja? Em uma escala de 0 a 10, até quanto você tem mentido para si mesmo tentando ser alguém que você não é? Ou você consegue ser original? Imagine-se enquanto criança e estabeleça um comparativo com o que você é hoje ou se tornou. Qual o teu grau de felicidade/realização quanto a conquista de objetivos, propósitos e valores?

Hoje em dia, nos deparamos com várias situações em que algumas pessoas dedicam tempo demais buscando ser o que elas não são. Numa busca sôfrega de serem aceitas pelo(s) outro(s), de seguir um padrão familiar ou social preestabelecido, as pessoas acabam abrindo mão de si mesmas. Não estar satisfeita consigo mesma, querer se encaixar num padrão comportamental, ambicionar ser “gente demais”, não exercitar o autoconhecimento, deixando-se manipular por outras pessoas, induz a um relacionamento abusivo de satisfação doentia e torturante, que leva geralmente a uma crise de identidade. Buscar ser quem não somos nos aprisiona em nós mesmos.

Ao discorrer sobre o “Existencialismo”, Kiergaard falava que, ao desejar ser quem não somos nos tornarmos alguém diferente de nós mesmos. Dessa forma, duas situações poderiam ocorrer: o fracasso e autodesprezo ou o conquista de um “eu” inconsistente e emblemático. Em ambas situações, a insatisfação pessoal seria algo inevitável.

Para o filósofo Sócrates, a chave para a felicidade seria descobrir o “verdadeiro eu”. E, acredito que, para além dessa importante descoberta, é nos permitir SER quem realmente somos; permitir que as ações do “verdadeiro eu” se tornem concretas.

Nos últimos anos, as redes sociais ganharam força e somos bombardeados por inúmeras informações. Dentre elas, destacamos o Instagram como vitrine que expõe a vida cotidiana da grande maioria dos seus usuários por meio de fotos e vídeos. Essa grande rede social, por exemplo, influencia no comportamento e nas atitudes de quem acessa, pois implanta a ideia de que a vida do outro é “perfeita”. Daí, começa uma busca constante pela adoção de um estilo de vida diferenciado, distante até mesmo das nossas realidades.

Em uma sociedade consumista como a que vivemos, a liberdade está ligada a ideia de perfeição que, consequentemente, está associada à qualidade coletiva e a pluralidade de objetos e desejos. Vejo que a questão do consumismo cresceu mais ainda, impulsionado pelas redes sociais. Isso gera uma espécie de “ostentação” com base na mudança de pensamentos e valores. Quem vê, às vezes deseja e, quem deseja, geralmente quer comprar. Essa ambição, por vezes, atrapalha nossa liberdade, pois acabamos nos tornando quem não somos por ter sempre no outro a nossa referencia em detrimento de nós mesmos.

Sugiro que possamos nos autorrefletir cotidianamente, nos amar como somos, nos valorizar, nos aceitar. É sempre salutar mantermos a nossa verdadeira essência, pois a aceitação do outro deve ter como princípio norteador a nossa autoaceitação. Somos molde e medida certa de nós mesmos. E o nosso molde acaba que funcionando como uma espécie de casulo, onde nele moramos e nos permitimos o autocrescimento. Se você estiver no molde errado, provavelmente, você não irá crescer e desenvolver como deveria. Sejamos autênticos!

Tenhamos nossa própria identidade pessoal. Somos seres únicos. Portanto, permitamo-nos construir uma personalidade autentica. Pratiquemos o que nos define. Que possamos dar sentido a nossa existência e dessa forma encontrar algumas coisas que nos levem a viver com muito mais propósito.

“Aceite-me como eu sou porque não tenho garantias e nem tenho pretensão de ser alguém perfeito. Toda a perfeição não posso ter. Eu sou como você. Sou da espécie humana. Sou capaz de errar. O erro, não é falha de caráter e errar faz parte da natureza humana. Eu vivo, eu sorrio e eu também aprendo. Meu conhecimento é incompleto. Estou na busca o tempo todo, nas horas acordadas e nas horas de sono. Eu tenho um longo caminho a ser percorrido, assim como você também tem. Apredemos nossas lições pelo caminho. Atingiremos a sabedoria. Assim, por favor, aceite-me como sou! Porque eu sou só eu. Apenas eu. Não há ninguém igualzinho a mim no mundo. Esta é a única garantia que dou.” (Silvia Schmidt).

Almir Severo
Acadêmico de Psicologia

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