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O fundo eleitoral e a descrença com a política

Não é preciso fazer muito esforço para perceber a forte descrença da população em relação à política. É só observar quando esse assunto ganha espaço no almoço de domingo, na fila do banco, numa conversa de bar, e logo alguém esboça uma reação de desprezo, geralmente acompanhada por expressões de conformismo.

E um dos fatores que contribuem diretamente para que esse sentimento floresça e ganhe força no seio da sociedade é o descaramento dos políticos de quase todos os partidos brasileiros, que na ânsia de injetar dinheiro em suas campanhas, terminam por abocanhar grandes somas de dinheiro público sob a justificativa de um fundo de financiamento eleitoral.

Esse fundo foi criado há pouco mais de dois anos como uma alternativa para compensar o fim do financiamento empresarial, proibido em 2016 na esteira dos grandes escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato.

Por isso, no próximo ano os partidos devem receber um aporte de R$ 3,7 bilhões, valor que representa um aumento de R$ 2 bilhões em relação às eleições gerais do ano passado e é 25 vezes maior do que o total destinado às agremiações em 1996, quando foi aprovada a Lei dos Partidos.

O problema disso tudo é que os partidos são entidades privadas criadas com o objetivo de representar os interesses de grupos específicos dentro da sociedade, e é exatamente por isso que as agremiações políticas deveriam ser financiadas por aqueles que se sentem por elas representadas e não pelo dinheiro proveniente do todo da sociedade.

E são situações como essas que perpetuam a descrença e a rejeição da população com relação à política, e isso acaba fragilizando a legitimidade de todo o sistema, o que acaba abrindo caminho para que a sociedade demande soluções antidemocráticas como meio de pôr fim ao descaramento da nossa classe política.

1 Minuto com Sérgio Machado

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