“Ei, não precisa filmar”. Essa foi a frase dita por uma das pessoas que estavam presentes no local onde um burro morreu, em Quixadá, em razão de não suportar o peso de uma carroça. No vídeo, é possível ouvir quem falou, mas não se sabe se o homem era apenas um popular ou um dos donos do animal.
A declaração, quando analisada mais a fundo, revela a cooperação com o ilícito, já que a situação se encaixa em maus-tratos e vai de encontro com a Lei de Crimes Ambientais, que prevê prisão e multa para o caso. Ou seja, em tradução livre, a frase ficaria assim: “Não filme. Se for parar nas mãos das autoridades, alguém vai ser punido”. E, na teoria, era o que realmente deveria acontecer.
Apesar da modernidade da Legislação Ambiental Brasileira, que prevê multa, ressarcimento e prisão para crimes ambientais, sua aplicação é inexistente, em algumas situações. Para exemplificar, em 10 de abril do ano passado, um cavalo caiu em via pública, no Bairro Santa Terezinha, em Madalena, no Sertão Central, ao não suportar o peso da carga da carroça. Não se sabe, porém, se houve punição para o responsável. Ou seja, a situação que ocorreu em Quixadá na última quinta-feira, 14, não é um caso isolado.
Além disso, outra situação que chocou a população do Sertão Central foi a agressão a uma cadela, com pedradas, em 16 de agosto deste ano, nas proximidades do Terminal Rodoviário de Quixeramobim. Felizmente, esse caso terminou bem, já que o animal foi tratado, cuidado e adotado.
E ainda tem mais: Animais em cativeiro, utilizados para comércio (no caso de silvestres), matar por “esporte”, rinhas de galo e até cortar asas de aves são exemplos da maldade que permeia nosso cotidiano.
Diante disso, cabem alguns questionamentos: O que leva alguém a maltratar outro ser vivo? É desumanidade, ignorância ou somente falta de bom senso? Onde está o Poder Público? Por que não atua no sentido de tentar diminuir esses casos? Por que a própria população não denuncia, formalmente, quem realiza o crime? É medo ou desconhecimento do amparo legislativo?
Tratar um animal como se ele não possuísse limites corporais é desumano. Não é defendida, no entanto, a ideia de extinguir, no caso tratado, as carroças, pois se conhece a necessidade deste tipo de transporte para a vida do sertanejo. Defende-se, aqui, a atuação das administrações municipais, através de sua pasta voltada ao Meio Ambiente, para tratar do problema, e não colocar as “mãos nos olhos” e “fingir que não viu”. Do Quixadá a Madalena, do Quixeramobim a Boa Viagem, é preciso que o assunto seja colocado em discussão.
Aquele que trata um ser vivo das maneiras aqui mencionadas não merece ser chamado de humano. Ademais, esconder uma forma de mau-trato se compara aos casos de corrupção que se observam entre os políticos, tão criticados pela população.
O amanhã é desconhecido. Hoje, é você quem faz o outro sofrer. No outro dia, você sofrerá as punições (se ocorrerem) pelo seus atos.
Humanidade é um termo generalista, mas suas características não se aplicam a todos.
Editorial do Repórter Ceará
Concordo plenamente, inclusive quero lembrar as vaquejadas que são um absurdo, tortura, ferimentos, fraturas e dores aos animais.