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A crise e a necessidade de boas práticas na gestão cultural em Quixeramobim

Com o título “A crise e a necessidade de boas práticas na gestão cultural em Quixeramobim”, eis o artigo produzido pelo escritor, professor e presidente da AQUILetras, Bruno Paulino, e pelo presidente da Ong Iphanaq e integrante da Fundação Canudos, Elistênio Alves, sobre o setor da cultura e a valorização dela a nível municipal. Confira:

É comum ouvir que “não é fácil fazer cultura”, ainda mais em Quixeramobim. E, de fato, não é. Mas, se houvesse algum profissionalismo da gestão cultural, talvez, nos momentos de crise, as boas práticas trouxessem bons frutos.

Vejamos. Pensamos cultura como prática viva da sociedade, e assim sendo, é necessária uma política que a sustente, financie e a faça se transformar. Esse pensamento nos faz independentes e nos distancia da velha prática do arranjo conciliador do “melhor convém”, da politicagem barata e da troca de um cargo pelo salário – se é que me entendem.

Vamos à prática, cidadãos. Instituições, grupos de artistas, sociedade civil e demais órgãos, públicos e privados, encabeçaram, nos últimos meses, a luta pela criação de um Fundo Municipal de Cultura para Quixeramobim. Esta sempre foi uma iniciativa pensada para romper a égide de uma cultura falida. Pois, na distância em que se cobrava tal feito, em meio a essa crise no entretenimento provocada pelo novo coronavírus, não veríamos “lives” de arrecadação de alimentos para músicos, artistas e pessoas que dependem única e exclusivamente de seu dom artístico e criatividade para apresentar-se ao público.

A roda do financiamento cultural estaria girando com recursos próprios e auxiliando, de fato, a quem de direito necessita, pondo o recurso da cultura à disposição de quem realmente o deveria usufruir. Mas, antes tarde do que nunca. E antes que este artigo seja acusado de conspirador, ou talvez tido como “esquerdista”, ou dono de certa “razão”, é bom destacar que a duras penas o Fundo Municipal foi criado, com muitas ressalvas, bem verdade, pelo baixo valor de arrecadação apresentado pela autoridade municipal.

Há muito o que conquistar ainda, mas o momento quer um grito de “socorro” pelos artistas da terra. Gente esta que sofre com a pandemia e com a falta de recursos para o próprio sustento, o que é duro demais constatar. Este recurso, embora pouco, mas de muito valor já pode ser imediatamente aproveitado, na criação de um edital, se for o caso, a exemplo do que fez a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, para financiar esses pequenos artistas na hora mais cruel e desumana da crise.

O setor cultural de Quixeramobim pede socorro. Pede uma ajuda urgente, sem “politicagem” (repare que é a segunda vez que usamos essa palavra no texto), sem humilhação. Estamos falando de gente que trabalha e sobrevive da sua arte. Nunca é demais lembrar: o direito a arte e a cultura são garantidos constitucionalmente.

E antes que você canse de ler essas poucas linhas, reflita e se pergunte. O que você faz pelo artista da sua cidade? Será que só o artista famoso merece a sua audiência nas lives?

Fechamos o texto lembrando Egimiro, o seresteiro popular da cidade. Esperamos que tudo isso passe, a gente cresça e entenda quanto uma boa gestão e o fortalecimento de uma política cultural nos fará viver dias de – “só alegria, só alegria!”.

Bruno Paulino
Escritor, professor e presidente da AQUILetras

Elistênio Alves
Presidente da Ong Iphanaq e integrante da Fundação Canudos

Foto: Synnk

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