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Falando de Seu Luiz

Com o título “Falando de Seu Luiz”, eis o artigo, em forma de carta, da geógrafa e integrante da Academia Quixeramobinense de Letras, Ciências e Artes (AQUILetras), Terezinha Oliveira, sobre o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que hoje, 02, completa 31 anos de sua partida. Confira:

Estava escrito nas estrelas: o Nordeste teria um REI que jamais será destronado. Ele nasceu nas encostas da Chapada do Araripe, filho de Dona Santana e do Mestre Januário, sendo um pernambucano quase cearense frequentador do “Cratinho de açúcar” e do Juazeiro do Padim. Foi corneteiro no 23 BC de Fortaleza, mas sua glória chegou ao puxar o fole dedilhando os teclados da sanfona, pelas praças e boates da Cidade Maravilhosa.

Juntando-se a outros “cabeças – chatas”, como Zé Dantas e Humberto Teixeira, foi o maior divulgador da cultura do agreste e do sertão nordestino, animando as festanças nos terreiros limpinhos das casas simples deste vasto interior brasileiro. Cantou de tudo: paisagens, crenças, amores, culinária, animais e plantas, o sofrimento na seca e o descaso dos políticos. Falou das profissões como o carteiro, alfaiate e chofer de praça. Na geografia descreveu a Estrada de Canindé, Petrolina – Juazeiro, o Rio Brígida e o Riacho Pajeú. Os costumes e os festejos não passaram em branco: a Missa do Vaqueiro, a Feira de Caruarú, etc.

Toda a beleza do Sertão foi cantada em Crepúsculo Sertanejo e no Luar do Sertão; o sofrimento dos retirantes em A Triste Partida. A alegria em Noites de São João e na Volta da Asa Branca. Seus xotes, baião e toadas eram crônicas da vida neste lindo pedaço do Brasil matuto, mas em algumas a poesia é tão linda que “se apregou” em nossa alma e emociona cada vez que é tocada “quando olhei a terra ardendo, qual fogueira de São João …”, “se a gente lembra só por lembrar o amor que a gente um dia perdeu, saudade inté que assim é bom pro cabra se convencer que é feliz sem saber…”,“tira o verde desses óio de riba deu…”.

Mas agora eu digo “Juazeiro, Juazeiro me ‘arresponda’ por favor. Juazeiro, juazeiro onde anda meu amor…” Onde anda o amor de todo homem e mulher que tem alma sertaneja e conhece a gostosura de um xamego com cheiro no cangote das Carolinas, percebe quando a menina enjoa das bonecas e vai ao Forró do Mané Vitor. Falo do sanfoneiro cantor cuja vida era “andar por esse país pra ver se um dia descansava feliz”; seu Luiz, nosso Rei, a saudade é grande mas fique certo que tu és maior e nunca será esquecido. Vai cartinha fechada até o Céu e chama pelo filho de Januário com o abraço de sua admiradora que mora no Quixeramobim.

Ass: Terezinha.

Terezinha Oliveira
Geógrafa a Integrante da AQUILetras

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