Home Terezinha Oliveira Cidades e Memórias: História contada por suas edificações

Cidades e Memórias: História contada por suas edificações

Algumas civilizações milenares atestam seu rico passado por meio da memória representada por construções preservadas parcial ou integralmente, tais como Jericó (Cisjordânia), Damasco (Síria), Biblos e Beirute (Líbano), Jerusalém (Israel), além de cidades na China, no Egito, na Grécia e outros países. Na Itália sua capital tem o título de “Cidade Eterna”, pois Roma guarda marcas do poderoso Império que dominou o mundo na Antiguidade. Outras Cidades italianas também mantêm suas igrejas, castelos, aquedutos, obeliscos e fontes que atraem turistas de todas as nacionalidades. Até mesmo onde a natureza parece adversa à ocupação urbana, surgiram e resistem até hoje cidades como a bela Veneza, fundada em 421 d.C. em área pantanosa, cujas vias são canais percorridos pelas famosas gôndolas. Nas áreas firmes Veneza tem a bela Praça de São Marcos e sua Catedral.

A UNESCO, agência da Organização das Nações Unidas / ONU, cuja missão é tratar da Educação, Ciência e Cultura incentiva a preservação de símbolos da história da humanidade. Olinda-PE (fundada em 1535) e salvador-BA (1549) foram reconhecidas pela UNESCO com Título de “Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade” pela manutenção da originalidade de espaços antigos em suas feições coloniais. Coincidentemente essas Cidades estão entre os mais visitados destinos turísticos do Brasil. Duas capitais do Nordeste que preserva seu casario da área central são Recife, em Pernambuco e São Luiz no Maranhão. Minas Gerais é o Estado brasileiro com maior número de Cidades Históricas: Ouro Preto, Mariana, Congonhas do Campo, São João Del Rei, Sabará, Diamantina, Tiradentes entre outras. Muitas delas guardam obras do escultor Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho.

No Ceará são poucas as cidades que mantém trechos com casario colonial preservado. Apenas quatro estão reconhecidos pelo IPHAN – Institutos do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na categoria de Conjunto Arquitetônico e Paisagísticos (Aracati e Icó), enquanto Sobral e Viçosa do Ceará constituem Conjunto Arquitetônico e Urbanista.

Quixeramobim tem apenas dois bens tombados: a Casa de Câmara e Cadeia (Federal) e a Casa do Conselheiro (Estadual), mesmo tendo uma raridade arquitetônica como a Capela de Nossa Senhora do Carmo no interior do cemitério mais antigo, mas em situação de abandono preocupante. A Igreja Matriz de Santo Antônio teve sua fachada barroca bastante modificada no início do século passado e depois (anos 90) seu belo piso de mosaico foi substituído por granito, além do revestimento das colunas internas por ladrilhos cerâmicos modernos, agredindo sua estrutura interna original. Sem a preservação do casario da área central, ainda há o desrespeito à edificações como a Estação Ferroviária da Cidade e abandono e destruição dos bens da Rede Ferroviária nos distritos. A população não tem consciência da importância de preservar a própria história e reconhecer a contribuição deixada por nossos antepassados.

Terezinha Oliveira

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