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Editorial: Quixeramobim – Os desafios da Saúde

Da série “A Reconstrução da Cidade”

Da Política à Economia, da Educação à Habitação Social, a crise que afeta Quixeramobim é percebida em quase todas as esferas da vida pública municipal, produzindo efeitos perversos que são sentidos, em maior ou menor grau, por toda a população do município. Na área da Saúde, as gestantes, as crianças, os idosos e as pessoas mais pobres são os que mais sofrem com a persistente escassez de recursos financeiros e humanos, que é gerada, principalmente, pelas graves e recorrentes falhas de gestão. 

Mas esta não é a primeira vez que Quixeramobim enfrenta uma crise na área da Saúde. Por volta do século XIX, mais precisamente entre as décadas de 1850 e 1880, o município se viu atacado por três surtos de cólera em um intervalo de apenas trinta anos, o que deu início a uma crise sem precedentes na história da Saúde municipal. 

Em artigo publicado na Revista de História e Economia do Instituto BBS, a professora Mayara Lemos, que é Mestre em História e Culturas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e leciona na Escola Profissional Dr. José Alves da Silveira, escreve que naquela época “o cotidiano da cidade girava em torno das preocupações com a epidemia”. Mayara também registra um importante relato do Pe. Antônio Pinto de Mendonça que expressa a grave situação enfrentada: “o terror se tem apoderado de toda a cidade”. 

Passaram-se quase dois séculos que o fantasma da cólera foi expulso da cidade, mas outros fantasmas de mesma natureza parecem estar ressurgindo semana após semana, tornando cada vez mais perceptível que, apesar das diferentes dimensões e da distância cronológica que separa os dois acontecimentos, ainda sim, é possível estabelecer paralelos entre aquela aterradora crise e a que afeta o município hoje. 

Os relatos escritos à época revelam a falta de profissionais capacitados para atender a população, de medicamentos para o tratamento das enfermidades, de unidades de saúde com infraestrutura adequada para realização dos atendimentos, a relutância, por parte do poder público, em realizar o pagamento dos médicos que atendiam no município e os inúmeros discursos políticos feitos na tentativa de proteger o presidente da Província dos ataques realizados pelo partido de oposição. 

O cenário atual não é muito diferente. Nos hospitais e postos de saúde, faltam materiais básicos, como luvas, agulhas, seringas, compressas, sondas e até fios de sutura; faltam produtos de higiene e limpeza, como água sanitária, álcool e detergente neutro; faltam medicamentos diversos; falta estrutura adequada para comportar um grande número de pacientes; e agora, com os atrasos no pagamento dos profissionais da Saúde, faltam até médicos, enfermeiros e dentistas interessados em trabalhar por aqui. 

No Centro de Abastecimento Farmacêutico (CAF) do município já houve carência de remédios controlados e há relatos de que o Hospital Regional Dr. Pontes Neto já chegou a registrar até falta de papel higiênico. No ano passado, uma idosa residente na localidade de Forquilha ficou cerca de três meses sem receber o colírio Travatan, utilizado por portadores de glaucoma, que custa em torno de R$ 130,00.  

Outro problema também presente na crise do século XIX é a demora no pagamento dos vencimentos dos profissionais da Saúde. Em setembro do ano passado, uma matéria deste Repórter revelou que alguns especialistas, dentre estes médicos cardiologistas e traumatologistas, planejavam pedir demissão por conta dos recorrentes atrasos no pagamento dos salários, ameaçando a continuidade da prestação de serviços essenciais à população. 

Mas um dos retratos mais nítidos do caos na Saúde é o sucateamento do Centro de Atenção Integrada de Quixeramobim (CAIQ), que em janeiro teve que parar suas atividades por um dia por falta de pagamento dos funcionários e de recursos para compra de materiais básicos para a realização das suas atividades. Na unidade, faltam fornos, ventiladores e até gelo, este último levado de casa pelos próprios pacientes. 

E estes problemas não se restringem apenas ao perímetro urbano. Na última semana, alguns moradores do Distrito de Passagem, distante 30 Km da sede do município, contaram à redação deste Repórter que a região está há quase três meses sem receber assistência da equipe de Saúde da Família. Quem necessita de uma consulta acaba tendo que arcar com os custos do deslocamento até a cidade e ainda corre o risco de não receber atendimento por conta da falta de médicos nas unidades de saúde. Situação semelhante enfrentam os moradores da localidade de Lagoa Cercada. 

Apesar dos inúmeros e complexos problemas, existem soluções para cada um deles. Por isso, a equipe do Sistema Maior de Comunicação selecionou algumas propostas que serão apresentadas amanhã através deste site e que, se colocadas em prática, podem resolver parcela significativa dos problemas verificados hoje na área da Saúde em Quixeramobim.  

Editorial do Repórter Ceará 

1 comentário.

  1. O principal problema nos serviços de saúde resume se na falta de resolutibilidade. O mesmo paciente é atendido várias vezes vários anos com os mesmos problemas e o agravamento ano a ano sem diagnóstico e sem tratamento eficaz ou seja uso de perfumaria provisória ou remédios sintomáticos. Não precisamos de uma faculdade de medicina se não tivermos estrutura física e material para exercer uma boa medicina. uma receita, um estetoscópio é um tensiômetro e umas gotas de remédio para dor nao satisfaz o cliente muito menos o médico que se preparou por 25 anos para ser um instrumento de trabalho tecnológico e se ve colocado numa sala escura sem energia. Pacientes e médicos querem resultados. Na época da cirurgia robotica, vídeo laparoscopia, cirurgias minimamente invasivas, tratamento de infartes com trombolíticos e stents’ diagnóstico de câncer precoce, tratamento de cálculos com laser e de próstata com ultra som bipolar, o povo aqui só merece tirar a pressão e uma injeção para dor. Tenham paciência. Precisamos equipamentos e capacitação de pessoal ou ambulâncias para Fortaleza o resto é conversa fiada

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