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Editorial: Eunício e Camilo reatarão?

Os rumores da aproximação entre o governador Camilo Santana e o senador Eunício Oliveira surpreenderam eleitores e políticos de diferentes legendas e alteraram, quase que por completo, o quadro de previsões para as eleições do próximo ano. Apesar de as duas lideranças não confirmarem o reatamento, nomes do PT e do PMDB já falam em unir esforços em prol do Estado e estudam um meio de conquistar o apoio do eleitorado ao pacto político.

Petistas e peemedebistas cearenses foram aliados durante muitos anos, mas romperam no início de 2014 depois que o então governador Cid Gomes negou apoio à candidatura de Eunício ao governo do Estado. Após uma disputa acirrada, o candidato de Cid Gomes saiu-se vitorioso. Desde então, a troca de farpas entre os antigos aliados se tornou frequente. Em 2015, Eunício chegou a mandar Camilo Santana cuidar “do próprio rabo”. Este ano, Ciro declarou-se envergonhado após saber que Eunício fora eleito presidente do Senado.

Porém, nos últimos meses, Camilo e, principalmente, Eunício têm dado claras demonstrações de uma reaproximação política. Uma delas foi notada em setembro, quando o chefe do legislativo nacional liberou R$ 20 milhões para acelerar a conclusão da obra do Cinturão das Águas. Dias depois, Eunício articulou a concessão de um empréstimo do governo federal ao governo estadual no valor de R$ 400 milhões, que serão destinados à área da Saúde.

Em outubro, o presidente do Senado também atuou para barrar a expulsão de três deputados do PMDB que migraram para a base governista e desistiu de colocar para votação em segundo turno projeto de sua autoria que, se aprovado, impediria a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), o que era do interesse de Domingos Filho.

Mas, por outro lado, Eunício e Camilo afirmam que a essa aproximação tem apenas caráter “institucional” e dizem que só falarão em eleições em 2018.  Já os aliados de Camilo não hesitam em comentar o assunto. Os integrantes do Partido Democrático Trabalhista (PDT) acreditam que essa é uma decisão que o petista tem que tomar. O ex-governador Cid Gomes, por exemplo, considera que a aliança ainda é incerta, mas defende que Camilo não deve rejeitar a ajuda de Eunício, porque “apoio a gente tem que receber de todo mundo”.

O prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio, afirma que está “disposto e entusiasmado” em apoiar as decisões do governador. Já André Figueiredo, presidente do PDT, se mostra totalmente contra a aliança. O ex-ministro Ciro Gomes acha “improvável”, mas entende que a última palavra é do governador. O mesmo entendimento é revelado pelos deputados do Partido Comunista Brasileiro (PCdoB).

É provável que a bondade de Eunício para com o governo do Estado se explique pela necessidade que o senador tem de se fortalecer para o próximo ano, visto que ele perdeu apoio dos seus eleitores após ter defendido o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e ter se tornado um dos mais importantes interlocutores do presidente Michel Temer no Congresso. Assim, mesmo que a aliança com o petista não vingue, o cacique peemedebista terá o que apresentar à população na campanha de 2018.

Se a aliança se consolidar, Camilo Santana aumentará seu capital político e ganhará mais tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV, o que é, muitas vezes, fator determinante de vitória em uma eleição. A chapa do governador já está montada, falta só definir o segundo nome para a disputa pelo Senado. A primeira vaga é de Cid Gomes, mas a segunda poderá ser ocupada por Eunício, isso se o petista José Guimarães abrir mão do antigo sonho de ser senador.

Já a oposição, que não montou chapa ainda, não deixará de lançar um candidato a governador, mesmo que a aproximação entre Eunício e Camilo seja confirmada. Os nomes de Roberto Pessoa e Capitão Wagner, ambos do Partido da República (PR), são cotados para a disputa. Há também a possibilidade do senador Tasso Jereissati (PSDB) entrar na corrida pelo executivo estadual.

Ainda não é possível bater o martelo e declarar que o pacto entre Eunício e Camilo se consolidará, seguindo a tendência nacional de reatamento entre PT e PMDB. Mas é possível afirmar que, se vier a ocorrer, não será facilmente digerido pelos eleitores dos dois partidos. O certo é que a oposição deve atacar esse “casamento de aparências” nas eleições do próximo ano. Mas, enquanto a confirmação não vem, Camilo continua a participar de diversos eventos “administrativos” no interior do Estado e a oposição vive uma eterna indefinição.

Editorial do Repórter Ceará

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