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Editorial: Clébio Pavone na corda bamba do impeachment

512 é o número que representa a quantidade exata de dias decorridos desde a posse do prefeito Clébio Pavone até hoje, domingo, às vésperas da sessão da Câmara de Vereadores, que deverá apreciar mais um pedido de impeachment contra o atual gestor, que, desta vez, dado o peso das condições econômicas e políticas, têm grandes chances de ser, a princípio, temporariamente afastado do seu cargo.

A denúncia, produzida por advogados do município, foi elaborada com base no argumento de que o prefeito teria cometido infrações políticas-administrativas que justificariam o seu impedimento, infrações estas que estariam caracterizadas pelo descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (ao ultrapassar o limite de gastos com pessoal) e pelo não-repasse de recursos à Câmara Municipal no início deste ano.

Em meados do último mês de março, o Sindicato dos Servidores Públicos de Quixeramobim, motivado pelos recorrentes atrasos no pagamento dos funcionários municipais e pelo não-reajuste do piso salarial dos professores, também protocolou um pedido de afastamento do prefeito, o qual foi rejeitado durante uma sessão tumultuada, onde a oposição só alcançou sete dos dez votos necessários à sua abertura.

Antes de se tornar prefeito, Clébio foi vereador por cinco mandatos consecutivos, figurando, algumas das vezes, entre os parlamentares mais votados do município. O sonho de chefiar o executivo municipal teria nascido em 2013, quando ocupava o posto de presidente da Câmara e teve que assumir a prefeitura por 180 dias por conta do afastamento do então prefeito Cirilo Pimenta, com quem rompeu posteriormente.

Nas eleições de 2016, Clébio teve o mérito de conseguir interpretar o sentimento social de renovação política que pairava sobre a cidade, mas errou ao apresentar como resposta a esse sentimento uma plataforma de campanha extremamente populista, contendo promessas mirabolantes que até hoje não foram cumpridas. E, provavelmente, não o serão.

Agora, Clébio enfrenta uma grave crise financeira com reflexos perversos sobre a Saúde, a Educação, a Infraestrutura e a Habitação Social. Faltam profissionais, medicamentos e insumos básicos nos postos de saúde. O funcionamento das escolas já chegou a ser interrompido por falta de recursos. As ruas estão cada vez mais esburacadas e permanece inalterado o impasse dos conjuntos habitacionais ocupados.

Tamanha crise, que atinge com maior intensidade os estratos sociais mais baixos – dos quais Clébio recebeu grande número de votos – têm gerado um enorme déficit de popularidade à gestão Pavone, que chegou ao poder hasteando a bandeira da “mudança imediata” traduzida pelo conhecido slogan de campanha “Mudança Já no Coração do Ceará”.

E essa desaprovação social tem transbordado sobre a Câmara Municipal, contribuindo para alterar as peças no tabuleiro político em desfavor da fragilizada gestão Pavone. Alguns dos nomes da base governista na Câmara de Vereadores vêm dando, nas últimas sessões, claros sinais de insatisfação com o modo como importantes decisões estão sendo tomadas pela prefeitura.

O ápice dessa insatisfação foi atingido em abril, quando o prefeito suspendeu, por 15 dias, as aulas da rede municipal de ensino, alegando que os danos causados pelas chuvas nas estradas da zona rural estavam colocando em risco a vida dos alunos que utilizam o transporte escolar. Como consequência, muitos professores e servidores da Educação tiveram seus salários reduzidos pela metade.

A decisão repentina e monocrática pegou os vereadores com as “calças nas mãos”. Mas logo uma sessão extraordinária foi marcada para discutir a paralisação, onde nomes da base governista, como Roberlan Saldanha e Fernando Antônio, expressaram seu descontentamento com a suspensão das aulas e com a suposta tentativa de membros da prefeitura de coagi-los a não participar desta reunião.

E essa combinação de problemas econômicos com descontentamento social poderá resultar, ou não, em uma ruptura política no âmbito municipal. O que virá depois é uma pergunta que cada vereador deve fazer durante a sessão da próxima quarta. O afastamento de Clébio poderá, sim, representar o destravamento da crise, mas também a sua manutenção ou agravamento.

O mais importante é que cada vereador, despido das vestes bordadas pelos interesses mesquinhos e fisiológicos, se debruce sobre a denúncia e analise-a sob o crivo da lei, verificando se os argumentos apresentados se sustentam diante de uma consulta à legislação, e se o “estado das coisas” justifica o impedimento do prefeito.

Refém das suas próprias escolhas, insulado no Paço municipal, sem o apoio do seu vice, contrariado por seus aliados, rejeitado pela população, sufocado por uma crise fiscal sem precedentes e com uma base cada vez mais minguada, Clébio corre, mais do que nunca, o alto e real risco de ser apeado do poder.

Editorial do Repórter Ceará

2 comentários

  1. Já vai tarde,esse descaso e inrresponsabilidades tem que chegar ao fim,porquê essa corja ruim tem que co tinuar a massacrar as pessoas ???
    Quem não toma as providências é conivente .

  2. DAURIA BRAGA
    27 de maio de 2018 às 19:19 às 19:19
    QUE DEUS ILUMINE A TERRA DE SANTO ANTONIO.

    ACREDITAM MESMO QUE ISTO SERÁ A SOLUÇÃO PARA A NOSSA TERRA ?
    QUEM É O VICE PREFEITO ?
    SE FOR UM BOM ADMINISTRADOR, COM INFLUENCIA POLITICA PRINCIPALMENTE COM O GOVERNO ESTADUAL ENTÃO VÃO EM FRENTE.
    O MOMENTO QUE O PAIS ESTA PASSANDO A BEIRA DE UMA GUERRA CIVIL, COM ESTE MOVIMENTO DE IMPEACHMENT SERÁ ENTERRAR DE VEZ A NOSSA AMADA QUIXERAMOBIM.

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