Descaso, burocracia e mau uso do dinheiro público estão na raiz da tragédia que acometeu o país no último domingo. Em poucas horas, as labaredas de fogo varreram um prédio com mais de duzentos anos de história, destruindo quase 20 milhões de itens que integravam o arquivo do Museu Nacional, uma das mais importantes instituições de pesquisa do país.
Enquanto seguem as buscas pelo que restou das chamas, outras tragédias vão se repetindo nas esferas estaduais e municipais, sem que as autoridades competentes despertem e tomem as medidas necessárias para reverter a situação.
Mas não é preciso ir muito longe para se ter ideia do desastre cultural que temos experimentado hoje.
Em Quixadá, por exemplo, o complexo histórico do açude do Cedro, construído ainda no tempo do Brasil Império, encontra-se totalmente abandonado pelo poder público, desgastado pelo tempo e degradado pela ação humana.
Outro exemplo é Quixeramobim, onde o Memorial Antônio Conselheiro, que nunca foi finalizado, hoje encontra-se praticamente abandonado pelas autoridades locais.
Quando se trata de valorização da cultura e da história da nossa gente, não são poucos os exemplos de negligencia, morosidade e falta de apreço pelos bens públicos.
E não é outra coisa senão essa combinação perversa que tem devastado, dia após dia, o pouco de cultura que ainda nos resta.
Repórter Ceará
