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As fake news e a paixão cega dos brasileiros pelos políticos

As eleições de 2018 trouxeram um fato inusitado na história do Brasil: O alto número de notícias falsas (as chamadas fake news). O fenômeno, que não é isolado e atingiu o território nacional em cheio, já vinha se manifestando anos antes, mas nunca na proporção em que está sendo vivido, sendo divulgado, principalmente, através de redes sociais como o Facebook e o WhatsApp.

É comum receber mensagens de texto, links e vídeos que objetivam denegrir a imagem de determinado candidato. Porém, estes são repassados sem uma verificação prévia se o conteúdo é realmente verídico, com o intuito de apenas disseminar a informação. Como diria o jornalista Cláudio Teran: “Muitas vezes, sabemos que a notícia é falsa, mas passamos. É aí que surgem as fake news”.

A divulgação de notícias falsas não ocasiona somente a perda ou aquisição de capital eleitoral para candidatos, mas também, reações violentas, intolerantes e discriminatórias. É o chamado efeito cascata. Esses tipos de ações podem ser observados nas duas redes sociais citadas anteriormente. Ambas se tornaram campos de guerra de grupos opositores, um espaço totalmente minado que, caso não se tenha cuidado onde pisar (com as palavras), uma bomba explode em você, muitas vezes, sem nem se dar conta.

Fora do campo virtual, a intolerância também se estende para as casas e ruas, onde atos de violência corroem o seio da nação de uma maneira nunca antes vista no regime democrático nacional pós-ditadura civil-militar, como foi o caso do esfaqueamento de Jair Bolsonaro (PSL), no dia 06 de setembro, e a morte do mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, assassinado com 12 facadas após discussão em um bar. Os dois casos ocorreram por diferenças ideológicas.

Com tudo isso, uma simples verdade surgiu do âmago da sociedade nacional e se escancarou para a população e para o mundo, involuntariamente: O amor cego pelos políticos fez o brasileiro esquecer o que é política.

Não há uma explicação específica para o que ocasionou a ascensão de fake news na nona maior potência econômica mundial, mas, Luís Antônio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), declarou que a falta de leitura contribui com o fenômeno. Em outro ângulo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se articula para divulgar medidas contra esse tipo de notícia, e em posição desconfortável com a situação do País, o brasileiro não sabe o que esperar de um futuro próximo, distante apenas 2 meses e 9 dias.

O atual cenário da sociedade brasileira, no que se refere a política, pode ser comparado a um vespeiro, onde tratar de assuntos como fake news, intolerância, preconceito e violência pode causar um alarde de proporções desconhecidas. Nunca, após 30 anos em que a Constituição Cidadã de 1988 foi homologada, a democracia esteve tão frágil. É preciso consciência e cautela da população brasileira ao repassar informações. Da mesma maneira que a notícia é recebida, ela pode ser pesquisada, para autenticar ou não sua veracidade.

Aristóteles, filósofo grego, em sua obra “Política” manifesta que a própria política é como a continuação da ética, classificando o ser humano como, por natureza, um animal social e político. Portanto, não se trata de eleger seu candidato favorito, mas de combater conteúdo falso, que desrespeita a moral e a ética, a sabedoria e a inteligência dos brasileiros.

A política é a esfera de realização do bem comum. Está no momento da população sair das nuvens de paixões platônicas por políticos e agir de forma responsável. 2019 é um novo ano e as eleições serão no dia 28 de outubro. Não dissemine nem deixe notícias falsas lhe tirarem do caminho democrático. Seja cidadão. Seja brasileiro.

Editorial do Repórter Ceará

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