Home Geral Fala homofóbica de pastor gera repercussão em Quixeramobim; Candidatos se manifestam

Fala homofóbica de pastor gera repercussão em Quixeramobim; Candidatos se manifestam

Áudios do pastor Gustavo Monteiro, presidente da Conversão Batista Cearense e Pastor da Igreja Batista de Quixeramobim, no Sertão Central, circulam desde a noite desta segunda-feira, 26, nas redes sociais, onde o religioso critica a postura de candidatos a prefeito do município, que possuem propostas voltadas ao público LGBTQIA+.

“Eu só não quero que o Clébio Pavone e o Dr. Pedro ganhem. Deus me defenda, porque todos dois são comprometidos com essa causa gay. Nós temos que orar a Deus e fazer a nossa parte, não deixar isso acontecer”, disse o pastor em um dos áudios.

“O crente que vê o cara se comprometer com a viadagem, creio que não vá votar em um homem desse. Eu tenho dificuldade de acreditar nisso […] Nós temos que passar esse vídeo para os crentes, para que eles não votem nessa carniça”, destacou o religioso, se referindo a um vídeo ainda não divulgado. Em um segundo áudio, pastor Gustavo diz que os candidatos querem “aviadar” Quixeramobim.

A fala carregada de preconceito gerou repercussão imediata. A comunidade LGBTQIA+ de Quixeramobim em nota revelou que a atitude do pastor pode ser considerada como crime de homofobia e “exigiu um posicionamento da classe política local” sobre o caso. O candidato Pedro Coelho (PT), disse em vídeo: “que engulam o ódio deles, que nós vamos continuar com a nossa campanha do bem, da felicidade e do amor.”

O candidato Clébio Pavone (PP), publicou em sua rede social uma mensagem bíblica pedindo: “paz, o amor e acima de tudo o respeito”.  O postulante Cirilo Pimenta (PDT), em nota, disse “acreditar que a política e a gestão se faz para o cidadão, não importando suas convicções pessoais”. Ainda na nota, o candidato lembrou da Lei Municipal 2.815/2016, sancionada quando foi prefeito, que criou o dia da Diversidade Sexual em Quixeramobim, em 24 de Outubro.

Na manhã desta terça-feira, 27, em razão da repercussão de suas declarações, o pastor se manifestou, por meio de nota enviada ao site Quixeramobim Alerta. Confira:

“O motivo dessa mensagem é um áudio onde falo no calor das emoções, proveniente de um debate político, de forma agressiva e infeliz sobre dois candidatos à prefeitura de Quixeramobim. Reconheço que na hora do calor do debate, me excedi de forma grosseira e falei coisas que não deveriam nem serem pensadas, muito menos faladas. Por isso, quero me desculpar, não apenas com os candidatos em questão, mas com toda a população de Quixeramobim que é composta por pessoas do bem e da paz e não mereciam tamanha decepção comigo. Diante de tanta decepção comigo mesmo, eu gostaria humildemente pedir para quem ouvir qualquer comentário sobre este áudio, esclareça, que ali não foi o Pr. Gustavo que falou, por ser calmo, pacífico e respeitador, ali foi um falho ser humano que na hora da raiva, proferiu o que não deveria. Lamento profundamente tal episódio, pois não gostaria jamais de ser visto como intolerante ou preconceituoso, até porque tenho vários amigos homoafetivos e os respeito, bem como convivo com eles sem nenhum problema. Meu erro foi me deixar levar pela raiva do debate e falar de maneira inconveniente”.

Homofobia é crime

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em junho de 2019, por 8 votos a 3, permitir a criminalização da homofobia e da transfobia. Os ministros consideraram que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo.

Conforme a decisão da Corte, praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime, com pena de um a três anos, além de multa. Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa.

Em contato com o Delegado de Quixeramobim, Thiago Salgado, na manhã desta terça-feira, 27, até o fechamento desta matéria não havia nenhuma representação contra o pastor pela fala proferida. O candidato pelo Pros à Prefeitura do município, Marcos Rogério, foi o único, até o momento, que não se manifestou sobre o assunto.

Repórter Ceará (Foto: Reprodução/Facebook)

2 comentários

  1. É a história continua…. É no norte, no nordeste, no Sul, no sudeste…… Nos quatro cantos do Brasil que as situações se repetem. O “líder” religioso usa os meios meios de comunicações para manifestar seu ódio/desrespeito com o ser humano e depois vem se desculpar, falar que sua fala foi em um momento de despreparado que não pretendia falar isso….. Enfim, ele esqueceu que o estrago já foi feito, que o pensamento homofobico dele já foi implantado não só na comunidade religiosa que ele é líder, como em outros meios da sociedade Quixeramobinense. Acredito que o estrago já foi feito, e que os pedidos de desculpas poucos surtirão efeitos, considerando que muitos evangélicos e outras denominações religiosas acreditam que tais desculpas foi apenas um gesto de boca pra fora. Em resumo, algumas religiões que se apresentam como religiões como cristã, na realidade são religiões que usam o nome de Cristo para atacar, agredir e as vezes até mesmo matar em nome de uma ideologia religiosa. Pois o fundamentalismo religioso cresceu muito nos últimos anos, em especial nas igrejas evangélicas, onde a alienação religiosa prevalece desde a época da reforma protestante. Feliz são as religiões cristã que segue os ensinamentos de cristo: Tolerância, Respeito, e amor ao próximo, pois só assim construiremos um novo mundo.

  2. Lamentável q os divulgadores do evângelho tenham essa postura. “Na hora da raiva”? Não se concebe ouvir tais desculpas, para esses comentários, do calor da emoção, o Sr. pensa assim, como ser humano e como lider religioso e quis ouvir as palmas dos q o escutavam. Se tivesse amigos homoafetivos se calava para pelomenos não magoá-los. Deus não lhe deu o direito de julgar. Jesus não excluiu ninguém, nem mesmo os pecadores. Perdoou no alto da cruz. Reflita sua postura!

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